23 de Abril de 2012.

No dia em que a mamãe faleceu, publiquei:

"Cidinha, mamãe, tia Cidinha, vó Cidinha..." Ela nasceu Aparecida de Paula Castro em 20 de setembro de 1930 e faleceu Aparecida de Paula Castro Alves em 23 de Abril de 2012. Casou-se com Flávio de Figueiredo Alves (1929 – 1998) aos 5 de julho de 1951 e tiveram sete filhos: Antonio Flavio, José Marcio, Mari Ângela, Mauricio, Renato, Paula e Ricardo, todos Castro Alves, junção dos dois últimos sobrenomes. Sempre nos orgulhamos de sermos sete irmãos. Não sei o porquê. A primeira residência foi na Fazenda Parnaíba (Jardinópolis) onde nasceram os três primeiros filhos, mas os partos sempre foram em Altinópolis por ser a terra mãe, a terra dos nossos avós, com direito à canja de galinha na casa da Vó Salomé e do vô Juca. Mudamos pra Campinas em 1956, no sítio Rancho Iza, onde moramos por dez anos. Lá nasceriam os outros quatro filhos, todos na maternidade de Campinas. Depois nos mudamos pra Ribeirão Preto em 1966 e moramos na Rui Barbosa, 925, uns três anos, depois na casa vizinha, 939. Ao todo foram vinte anos, onde a casa mais parecia um clube repleto dos amigos dos filhos e apinhado de parentes o dia todo. Havia poucos edifícios altos em Ribeirão, muito poucos. Andávamos a pé, íamos ao cinema a pé, nos bailes a pé. Tudo era a pé. Haja pé. Em 1986, a casa foi fechada e a Cidinha e Flavio mudaram-se para o sítio de Altinópolis. Indescritíveis os mais de vinte anos no sítio, a infância dos netos, natureza pura, longe do barulho do asfalto, bem longe do asfalto. Noites frescas e manhãs de esperança, tardes quentes, dias azuis, frutas doces, mamãe na cozinha, sempre. Jogo de cartas, brincadeiras de grupo, muita mímica, muita música. Meu pai faleceu em 15 de maio de 1998, quando já haviam se mudado pra cidade, num apartamento pequeno perto da quadra de esportes. A partir daí a vida da mamãe foi em Altinópolis, junto a amizades inumeráveis, incontáveis reuniões com filhos e netos, sobrinhos, visitas em penca, telefone, goiabada e muita festa, muitas risadas. Vivia pros filhos e pra família, a nossa mãe. Telefonava pra todo mundo quase que diariamente. Muitas andanças nas casas das filhas Paula (Franca) e Ângela (Ribeirão) desde o tempo em que meu pai estava por aqui. Fizemos inúmeras festas importantes pra ela. O aniversário dos sessenta anos foi em Ribeirão Preto (Recreativa). Nos setenta e nos setenta e cinco anos, foram no Xavante Club de Altinópolis e nos oitenta anos, na fazenda Santa Estela, dos tios Mauricio e Gilda Montans. As bodas de prata, em 1976, também haviam sido lá na Santa Estela, como inúmeras outras festas em que a Cidinha e o Flavio sempre estiveram, infindáveis... Cidinha foi a caçulinha dos avós Juca e Salomé. A tia Cidinha sempre amada por todos os sobrinhos e a mãe/avó e bisavó que amou a todos sem enfeite, com a naturalidade da mão que embala o berço e que põe a mão na testa do outros pra checar alguma febre. Mãe é insubstituível, sabemos, e os cemitérios estão repletos delas, mundo afora. O nosso consolo é que elas estão com Deus. Temos Fé que a nossa mãe está com Deus. Isso nos conforta. Um beijo pra ela, um beijo dos sete filhos pra ela, dos netos, bisnetos, genros, noras, sobrinhos, familiares e amigos a quem ela tanto amou numa vida dedicada exclusivamente aos próximos, na concepção integral do termo. Nos seus sessenta anos eu fiz uma música pra ela, contando um pouco da sua vida, gloriosa, repleta de coisas lindas e limpas,  com muito amor. No final diz assim: “Se existe santo a mãe da gente se assemelha. Nessa luz a gente espelha – se errei, peço perdão”.

José Marcio Castro Alves